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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Capitalismo de compadrio: os tigres asiáticos e Portugal

Deixo aqui um trecho de um excelente artigo de um blogger chamado Valdenor que, com uma argumentação que tem tanto de arguta e precisa quanto de bem fundamentada e preocupada em explicar o que lhe antecede de forma a perceber o que lhe sucederá; nos elucida acerca daquilo a que vulgarmente chamamos de «capitalismo de compadrio».

Segundo a sua tese, este tipo de capitalismo não funciona por si só, de forma isolada e desenquadrada, mas sim como um meio para atingir um estádio de desenvolvimento daqueles de quem corre atrás de forma mais rápida. Funciona sim como um injector de capital num estádio inicial de desenvolvimento industrial, quando o Estado decide que um certo grau de intervencionismo e de proteccionismo é necessário para convencer as empresas desse país a concentrarem-se em mercados internacionais - onde o Estado não lhes pode valer, e onde terão de competir ferozmente pelo favor dos consumidores - ao invés do mercado interno. Este processo permitiria protegê-los do choque da competição que, na fase larvar, as liquidaria, protegendo-as enquanto desenvolvem know-how e acumulam capital necessário para fazer os investimento que importam e que são fundamentais para o sucesso a médio-prazo.

Conhecemos este tipo de capitalismo mais recentemente por ter sido adoptado pelos tigres asiáticos, mas a protecção ao exterior enquanto no interior se preparam sectores competitivos não é nova: a própria Inglaterra só abdicou de barreiras alfandegárias em meados do séc XIX quando sentiu que a sua estrutura produtiva anularia qualquer veleidade estrangeira. E obrigou os demais a fazerem o mesmo.

Em Portugal, como de costume, trabalha-se ao contrário. Protegem-se as empresas, que entretanto se tornam monopolista no mercado interno e dilaceram qualquer hipótese de terem competidores internos e não se prepara a sua internacionalização, condição essencial para que as suas estruturas sejam mais eficientes e que os bens e serviços por si gerados estejam em linha com os desejos dos consumidores e não com a sua própria visão do que os consumidores querem, que é o que a nossa história recente demonstrou.

Fica o trecho. Resto do artigo aqui.

"A chamada “substituição de importações”, onde tarifas protecionistas são aplicadas para proteger a indústria nacional da concorrência externa hoje em dia é amplamente desacreditada. Mas uma versão de capitalismo de conchavo ainda é influente em alguns círculos hoje – a de um capitalismo de conchavo disciplinado pela concorrência internacional em uma economia voltada à exportação. O exemplo de Taiwan e Coréia do Sul, dois importantes “Tigres Asiáticos”, supostamente confirmaria o valor desse sistema."

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