amagi

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quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Ainda a propósito do muro de Berlim.... Ronald Reagan e o seu arrebatador humor

Ronald Reagan tornou-se conhecido, entre muitas outras razões, pelo resgate de um certo libertarianismo americano, pelam recuperação de um discurso voltado para os valores e tradições puritanas, em sentido amplo, valores e crenças essas que nortearam o destino da América colonial e pós-colonial, iniciada pela a viagem do Mayflower.

A cidade brilhante sobre a colina,  na qual os homens cooperavam entre si e em que a nenhum instrumento político era permitido interferir na escolha de homens livres - falo do Estado -, estava ameaçada naquela década de 80 do século passado. Reagan percebeu isso. Ao forçar a URSS a um derradeiro sprint na corrida ao armamento, criou as condições para a queda do muro de Berlim e da dissolução do maior monstro totalitário que já governou na terra.

Mas Reagan era conhecido pelo seu humor sagaz, cujo alvo era frequentemente o arqui-inimigo  do leste Europeu, humor esse no qual se podia facilmente encontrar laivos de sabedoria que o haveriam de tornar num dos mais populares presidentes da história do EUA. Os vídeo seguintes demonstram precisamente isso mesmo.




segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Muro de Berlim: revisionismo e lembrança

Já é tarde e os olhos vão-se-me secando. Mas não posso dormir. Ainda que o quisesse, não poderia. Não consigo e não quero. E não vou.

O Liberalismo Clássico, variando em diferentes graus consoante a escola de pensamento a que nos refiramos, pode ser acusado de muitas coisas: do seu individualismo mordaz, pouco dado a aconchegos e a paternalismos que, mais que inconsequentes, se destinam antes a sossegar o espírito que não se doma; do ritmo avassalador com que destrói apenas para construir melhor e mais alto, para mais gente, incluindo a que julga ficar pior com a mudança; os adeptos do Liberalismo Clássico podem até ser acusados de não terem alma, de não terem um plano, de não gizarem uma estratégia ou aventarem uma caminho para o Éden, ou até de não pavimentarem um trilho enviesado que, se seguido, a ele conduza. Diriam alguns, agora que a memória falta, que o Liberalismo não tem, como o Marxismo, ciência, que contraponha os materialismos históricos que vêm compondo a matriz totalitária entretanto baptizada de «Democracia Popular».

O Liberalismo Clássico é um homem, o cientismo marxista Deus.O primeiro, cheio de defeitos, assumidos, vive com eles, e procura viver com os dos outros. O segundo, paternalista e infalível, cria um homem novo, sem imperfeições, sem arestas buriláveis: quando a dúvida se instalar, lá estará o comité de sábios, feitos Deus, a indicar o caminho minado que os outros devem seguir.

Os Liberais são pecadores, mas não tiveram de erguer um muro para evitar a fuga dos seus. Os Liberais são imperfeitos, mas não impõem, ou ordenam, ou determinam, ou fuzilam. Os Liberais são os ciosos defensores da Lei de Ferro dos salários Ricardiana: mas em nenhum lugar tanta liberdade económica e política foi ofertada a proletários como do lado de cá do muro. Os Liberais são oligarcas velhacos e exploradores: mas os administrados podem destituí-los, comprar uma casa maior que a deles, um carro mais vistoso ou opor-se-lhes no jornal diário. Os Liberais são esclavagistas, mas o povo não se revolta, não lhes destrói a estatuaria, nem os pendura no cadafalso.

A fórmula do Marxismo tem de ser reajustada: há que pô-la a dividir por zero.

Bem haja ao aniversário que trouxe um pouco de luz ao Leste.

ICH BIN EIN BERLINER!!! Kennedy em Berlim, 1963




«Freedom is indivisible, and when one man is enslaved, all are not free.»

«Freedom has many difficulties and democracy is not perfect, but we have never had to put a wall up to keep our people in, to prevent them from leaving us.»

There are many people in the world who really don't understand, or say they don't, what is the great issue between the free world and the Communist world. Let them come to Berlin. There are some who say that communism is the wave of the future. Let them come to Berlin. And there are some who say in Europe and elsewhere we can work with the Communists. Let them come to Berlin. And there are even a few who say that it is true that communism is an evil system, but it permits us to make economic progress. Lass' sic nach Berlin kommen. Let them come to Berlin.



As elites e a Guerra - Gustave de Molinari e a previsão de um futuro não muito distante

O economista liberal clássico Francês é conhecido pelos diversos insights que foi fornecendo ciência económica normativa, insights esses, pelo menos alguns, que pese embora façam todo o sentido no plano teórico, não foram experimentados na prática. Um deles foi o seu contributo para a «Produção da Segurança», que pode ser lido aqui, e que prescrevia que a prestação desse bem público não tinha de ser um monopólio Estatal: para Molinari, o mercado podia providenciá-lo.

Mas Molinari foi muito mais que isso: foi um defensor da liberdade individual no ninho do ainda incipiente mas aguerrido movimento colectivista-marxista, tendo exaltado o valor de uma sociedade formada por homens livres contra a criação do «homem-novo» socialista, talvez porque previsse qual o seu custo, bem como qual o seu desfecho.

Percebeu também, e esse o ponto neste post, que o Capitalismo já não era então um capitalismo de laissez-faire, mas uma espécie de cruzamento entre um neo-mercantilismo e crony-capitalism, juntos num sistema económico aparentemente competitivo mas no qual, verdadeiramente, eram os grandes conglomerados quem controlavam já a seu bel-prazer as políticas económicas e decidiam até quando se firmava a paz ou se declarava a guerra. Vejamos um excerto de um seu texto:

"Every State includes a governing class and a governed class. The former is interested in the immediate multiplication of employments open to its members, whether these be harmful or useful to the State, and also desires to remunerate these officials at the best possible rate. But the majority of the nation, the governed class, pays for the officials, and its only desire is to support the least necessary number. A State of War, implying an unlimited power of disposition over the lives and goods of the majority, allows the governing class to increase State employments at will—that is, to increase its own sphere of employment. A considerable portion of this sphere is found in the destructive apparatus of the civilised State—an organism which grows with every advance in the power of the rivals. In time of peace the army supports a hierarchy of professional soldiers, whose career is highly esteemed, and is assured if not particularly remunerative. In time of war the soldier obtains an additional remuneration, more glory, and an increased hope of professional advancement, and these advantages more than compensate the risks which he is compelled to undergo. In this way a State of War continues to be profitable both to the governing class as a whole, and to those officials who administer and officer the army."

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